A dívida da igreja com os encarcerados

O sistema prisional brasileiro é igual a curva de rio: represa tudo o que há de ruim na sociedade. Mas, como explicar os massacres ocorridos recentemente nos presídios Brasil afora, com tantos presos mortos, decapitados e queimados? Uma verdadeira carnificina, veja os números: Carandiru, 111 mortos; Urso Branco 27, mortos; Pedrinhas, 18 mortos; CEPAIGO-GO, 09 mortos; entre outros. Para entender o perfil desses presidiários, vamos analisar alguns dados interessantes:

Conforme pesquisa realizada no sistema prisional goiano em 2013, cerca de 60% dos entrevistados presos declararam ter origem em berço evangélico. Há 40 anos atrás, esse número não passava de 1%.

A pergunta é: porque estamos crescendo em ambientes onde não deveríamos sequer estar presentes? Considerando que 70% dos presos brasileiros têm menos de 29 anos, forçoso será reconhecer que a igreja dos anos 90 e 2000 falhou na sua missão de cuidar de suas crianças, adolescentes e jovens.

A solução nesse caso, passa pelo resgate de programas bíblicos históricos que mantiveram a igreja nos trilhos das boas novas, do testemunho ético e da fé reformada décadas a fio. Entre esses programas podemos nominar a escola bíblica dominical, o culto doméstico, o discipulado bíblico, o evangelismo pessoal e a visitação aos hospitais e presídios.

Nossos púlpitos precisam voltar a falar com a simplicidade do Evangelho, por meio de mensagens claras sobre a santificação; o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo; o ódio ao pecado e o amor ao pecador; o compromisso com a verdade e o repúdio à mentira.

O novo Evangelho pregado nos últimos anos trouxe uma grande dívida para a igreja evangélica brasileira: conversão sem arrependimento; batismo sem mudança; salvação sem cruz e fé sem obras.

Se a igreja evangélica brasileira iniciar um programa de resgate de crentes desviados, certamente 60% ou mais das vagas nos presídios serão desocupadas, cumprindo o imperativo de Jesus Cristo no Evangelho de João 8:32 – “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”

Portanto, está na igreja e na Palavra de Deus a solução para o sistema prisional atual, que está um caos devido a omissão de muitos. Temos que entender, como corpo de Cristo, que temos sim uma dívida para com os que estão encarcerados. A nossa missão é de cumprir verdadeiramente o Evangelho em todos os lugares, não para cumprir uma meta de quantidade, mas para termos conversões autênticas, capazes de mudar toda a nossa sociedade.

Aristóteles Sakai de Freitas

Delegado de polícia e pastor auxiliar da Igreja Batista Renascer. Foi Assessor de Municipalização da Secretaria Nacional Antidrogas-SENAD.

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