O poder de Deus se aperfeiçoa em nossa fraqueza

A última palavra sobre todas as coisas é a do Senhor, ainda que as circunstâncias digam o contrário, Deus está no controle, pois Ele sabe o que faz e tem um propósito na vida de cada um de nós.

Em 2003, já mãe de dois filhos, o Khaynan e o Arthur Elias, descobri que estava grávida. Eu sonhava em ter uma menina e Deus me concedeu essa dádiva. Ela nasceu de parto normal, porém com o cordão umbilical enrolado no pescoço e não conseguia reagir. Os médicos ficaram por algum tempo tentando reanimá-la, até que ela conseguiu respirar e pude ouvir o seu choro. A pediatra veio até mim e me deu a notícia de que estariam transferindo a minha pequena para outro hospital, onde tinha uma UTI neonatal, pois ela precisava de ajuda mecânica para respirar.

Dois dias após o seu nascimento fui visitá-la na UTI. Coloquei meu dedo na mãozinha dela e disse para ela: “Oi bebê! A mamãe está aqui”. Ela apertou a minha mão e o seu coraçãozinho acelerou, ela ficou muito agitada. Ela sabia que a mamãe dela estava ali. Foi incrível aquele momento.

No sexto dia fui vê-la novamente. Dessa vez ela estava sem sedativos, mas com a minha presença ela ficou agitada novamente. Tiveram que me retirar de dentro do quarto e fizeram bombeamento de oxigênio. O mais difícil é você ver o seu bebê sofrendo e não poder fazer nada, a não ser orar.

Naquele dia saí dali orando em Espírito e fiz uma oração de entrega, pois até então, orava pedindo a Deus para curá-la, mas naquele dia, saí dali com a certeza de que deveria entregá-la ao Senhor. Na madrugada seguinte, no sétimo dia, o Senhor levou uma florzinha para enfeitar o seu jardim. Foram dias de muitas tristezas, uma sensação de fracasso, de sonho não realizado e de impotência.

Esperei dois anos para tentar engravidar novamente, pois estava determinada e ter uma filha. Sete anos de espera e nada. Nesse período fui ordenada a pastora, pois estava muito envolvida com a obra.  Mas, sentia em meu coração que Deus iria me dar uma menina para uma restauração. Então, em dezembro de 2010 tive uma das maiores alegrias que uma mulher pode ter: estava grávida novamente. Com cinco meses de gestação descobri que era uma menina, a tão sonhada menina.

Na época tinha 37 anos de idade e a minha gravidez era considerada de risco. No ultrassom morfológico descobri que a minha filha estava com baixo peso e baixa estatura. No final da gestação tive vários problemas, inclusive crises de asma. No dia 09 de setembro de 2011 voltei ao médico. Antes de sair de casa, orei ao Senhor e disse: “Senhor te peço que eu possa voltar com a minha filha em meus braços”. Quando cheguei na maternidade o médico descobriu que eu tinha envelhecimento de placenta, e que estava perdendo líquido. Tive que fazer uma cesárea. Foi um momento de muita expectativa e ansiedade. Quando ouvi o seu choro não contive as lágrimas. Nossa linda e pequena Rebecca superou todas as dificuldades e ganhou peso.

Quando Rebeca completou 5 meses de vida, a nossa luta começou. Ela teve uma sequência de diarreias e começou a ter dificuldades para ganhar peso. Então, fizemos vários exames para descobrirmos porque ela não estava ganhando peso e os resultados davam normais.

Quando Rebeca completou 8 meses de idade, ela contraiu uma broncopneumonia e ficou internada por 5 dias. Ela recebeu alta numa quinta-feira, mas ainda estava com diarreia devido a medicação. Na sexta-feira a levei em sua pediatra, que achou melhor cuidar em casa, pois aparentemente ela estava bem. Só que no sábado ela amanheceu completamente desidratada. Ela ficou dois dias internada no semi-intensivo, fez todos os exames para saber porque não estava conseguindo ganhar peso e todos os exames davam normais, sem alteração. Aparentemente ela tinha só uma desnutrição. Estava muito feliz pois só tinha notícias boas.

No quinto dia que ela estava internada, entrou ar no soro. Chamei a técnica de enfermagem para tirá-lo. Mas, ao invés de tirar o ar que estava no soro, ela injetou aproximadamente 10 ml de ar na corrente sanguínea da minha pequena. Quando ela percebeu que tinha feito besteira, puxou o ar de volta, o sangue voltou e a boquinha dela ficou roxa. Percebendo a gravidade do problema, a técnica de enfermagem saiu correndo para chamar a pediatra de plantão. Neste meio tempo, coloquei a mão sobre a cabeça da Rebeca e repreendi todo espírito de morte, mas nada aconteceu.

Os médicos levaram minha filha para a reanimação e ficaram 46 minutos tentando reanimá-la. Prostrei-me naquele chão do hospital, orei, profetizei e nada aconteceu. Se o Senhor não a trouxe de volta é porque Ele a quis. Outra florzinha o Senhor levou para enfeitar o Seu jardim.

Rebeca faleceu no dia 24 de maio de 2012. Minha linda princesa, meu sonho, minha realização foi para Glória. Levei sete anos tentando, sonhando, planejando, idealizando e esperando a notícia de que estava grávida, e em questão de minutos tudo aquilo se foi, por uma imperícia. O velório aconteceu na igreja. Passamos a noite velando o seu corpinho. É nessas horas que começamos a refletir o quão limitados e impotentes somos.

Foi um tempo de muita dor e sofrimento, mas decidimos perdoar aquela técnica de enfermagem. Liberamos sobre ela o nosso perdão. Perder um filho é como perder um membro do nosso corpo, você nunca mais volta a ser o mesmo, mas você acaba se adaptando. Continuei crendo no Senhor, e Ele renovou os meus sonhos.

Com um ano e onze meses, após a morte de Rebeca, fiz teste de gravidez e comprovei mais uma vitória: estava grávida novamente. No dia 13 de novembro de 2014, nasceu a minha linda Luiza, a minha Manassés, que significa Deus me fez esquecer.

Sabe porque vivenciamos tudo isso? Para podermos falar dos mistérios de Deus.
Para consolar e ser consolado.

Hoje eu e meu esposo somos felizes e realizados como pais, conseguimos entender que há tempo de nascer e tempo de morrer, e que há propósito para todas as coisas nessa vida. Deus não faz nada por acaso. Por isso eu te digo que a última palavra vem do Senhor. Creia somente, e o mais Ele fará!

Cleusmar P. do Vale Barbosa

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