Democracia e idoneidade cristã

2018 é ano de eleições, ano de escolhermos nossos próximos deputados, senadores, governadores e presidente. No próximo dia 7 de outubro, o cidadão brasileiro tem a oportunidade de, por mais uma vez, tentar renovar seus representantes nos Poderes Legislativo e Executivo pelos próximos quatro ou oito anos (no caso dos senadores).

Como é sabido, nosso país tem sido aviltado com escândalos recorrentes de corrupção, aumento de violência, baixo ritmo de crescimento econômico, baixo Índice de Desenvolvimento Humano – IDH. Por isso, essa é a oportunidade de, através do exercício da democracia, criamos os caminhos para que no futuro, tais fatores não mais façam parte da nossa realidade.

Talvez, é nesse momento que você, leitor cristão que está acompanhando essa matéria de capa, questione: “Mas, sou um cristão, peregrino nessa terra, não pertenço a esse mundo, vou morar com Jesus. Estou aguardando sua volta para morar, ao final, no meu verdadeiro lar, minha verdadeira pátria. O que eu tenho a ver com tudo isso?”

Muita coisa! Sabemos que o Reino de Deus não se mistura com democracia, política e coisas afins. Também é verdade que, para fins de eternidade, não importa quem será o próximo presidente do Brasil ou se a eleição terá um ou dois turnos. No entanto, isso importa para nós como brasileiros, que ainda vivemos aqui. Também importa para seu irmão, vizinho, colega de trabalho e demais cidadãos à nossa volta.

Todos nós concordamos que a instrumentalização política das Escrituras Sagradas, bem como a politização do Reino de Deus, nunca trouxe às nossas vidas resultados frutíferos. Entretanto, é aí que cometemos grande erro, ao esquecermos que cristãos idôneos comprometidos com a eternidade também são cidadãos com direitos e também deveres, devendo se preocupar não só consigo, mas com a coletividade.

Imperioso destacar que, ao ser perguntado por fariseus hipócritas se seria lícito pagar imposto a César, nosso Senhor Jesus respondeu de forma sábia e contundente: “Por que vocês estão me pondo à prova? Tragam-me um denário para que eu o veja. Eles lhe trouxeram a moeda, e Ele lhes perguntou: De quem é esta imagem e esta inscrição? De César, responderam eles. Então Jesus lhes disse: Deem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. E ficaram admirados com Ele”. (Marcos 2:15b-17).

Observe que, com sua resposta, Cristo deixou patente que o Reino de Deus e o reino dos homens não se misturam, porém, ao mesmo tempo, que tal fato não nos desobriga do cumprimento de nossos deveres cívicos.

Recordo-me ainda que certa vez, ao ser questionado sobre qual seria o posicionamento cristão diante da política, o pastor estadunidense John Macarthur respondeu que “a política não traz impacto no Reino de Deus, mas que como cristãos devemos procurar contribuir com o que é bom, honrável e justo para a sociedade.”

Quando nos afastamos do voto e de qualquer participação nesse sentido, abrimos caminho amplo para que ideologias e pensamentos políticos danosos e, inclusive contrários a vida cristã, sejam instalados e aplicados, trazendo sérios danos à nossa vida.

Então, não nos esqueçamos do que nossa Constituição Republicana estabelece:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I – a soberania;

II – a cidadania

III – a dignidade da pessoa humana;

IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V – o pluralismo político.

Parágrafo único: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Nós somos povo, dos céus, mas ainda, por um pouco de tempo morando nessa Terra criada pelo nosso Deus. Assim, que nós oremos, busquemos a obediência à Bíblia, cresçamos no conhecimento de Sua Palavra, exerçamos nossos devocionais e cuidemos de nossos irmãos em Cristo.

Outrossim, que também possamos exercer nossa democracia através daquilo que foi preconizado na Constituição, mormente pelo voto, acompanhamento dos candidatos, cobrando o cumprimento de seus planos de governo, manifestando nosso pensamento (art. 5º, IV da CRFB-88). Tudo isso com decência e ordem, dando exemplo e fazendo tudo para a Glória de Deus (1 Coríntios 10:31).

Deus abençoe nosso País!

Rodrigo de Jesus Sousa

Presbítero na Igreja Batista Renascer, advogado e assessor junto à Câmara de Legislação e Normas do Conselho Estadual de Educação de Goiás – CEE/GO. Twitter: RoderichJS / Instagram: @rodrigo_esther15

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