Experimentando a gratidão em meio às turbulências da vida

Ao longo dos últimos 11 anos tenho experimentado de forma intensa e sobrenatural o quanto Deus é bom! Não que a minha vida seja um mar de rosas e perfeição, mas nesse tempo Deus tem se revelado a mim como um Pai amoroso, bom, cuidadoso e soberano em circunstâncias e momentos que nunca estiveram em meus planos, sonhos ou desejos.

Circunstâncias difíceis revelam nossa humanidade, afinal, o dia da adversidade faz parte da nossa vida enquanto humanos. Todavia, meu coração se alegra por saber que a presença de Deus faz toda a diferença na jornada de quem escolhe aceitar a Sua graça e amor.

Meu nome é Wagner, tenho 34 anos, sou casado e pai de duas filhas, sou membro da Igreja Batista Renascer há nove anos. Nesta edição da Revista Renascer, quero compartilhar um pouco do meu testemunho de vida.

Em maio de 2008 sofri um acidente aparentemente simples, nenhum arranhão, apenas uma fratura no fêmur. Mas, com os primeiros exames descobrimos que tinha acontecido algo bem maior: ao ser quebrado, meu fêmur rompeu totalmente a artéria femoral, alguns nervos e veias. O rompimento dessa importante artéria, segundo os médicos, me levaria a óbito em 5 minutos por hemorragia interna. O que se mostrava simples, tornou-se um fato raro e complexo. O osso que se quebrou, pela própria quebradura, pinçou a artéria e estancou o sangue, e portanto, não houve hemorragia. Creio que esse foi um dos primeiros milagres nessa história, dentre tantos que vivi.

Até o início da cirurgia ouvi muitas frases cheias de incredulidade e convicções humanas sobre o que estava para acontecer comigo. Na melhor das hipóteses eu perderia minha perna se sobrevivesse.

Fui criado à luz da Palavra de Deus e tinha a certeza da soberania d’Ele. Eu sabia que Deus faria a Sua vontade em mim. Eu tinha apenas 23 anos. Um ano e cinco meses de casado. Tínhamos uma vida simples, mas havíamos alcançado equilíbrio financeiro, tínhamos planos em andamento, eu tinha uma carreira militar e era ativo no ministério ao qual eu pertencia.

A partir do acidente, a história da minha vida passou por um divisor de águas. Passei por uma cirurgia muito longa e com várias complicações. Acordei seis dias depois e a minha perna ainda estava lá, contrariando a maioria das perspectivas humanas e servindo de encorajamento para a minha fé.

Depois do coma, ainda na UTI, fui aos poucos entendendo que minha vida não seria a mesma. Fiquei mais 5 dias na UTI e vários outros de internação. Depois da alta, curativos e fisioterapias diárias. Muitas idas e vindas de internações para reparos, por infecções e para procedimentos na tentativa de salvar a minha perna. Eu sofria dores intensas 24 horas por dia.

Ao longo dos primeiros meses nessa rotina tive muitas experiências com Deus. Ele me revelou claramente o Seu amor por mim. Comecei a entender que Ele tinha um propósito para todos os dias de turbulência que eu estava passando. Crer nisso me fortalecia e dava fôlego para, diante das dores, desafios e cansaço, abrir a minha boca e louvar. Cantar ao Senhor era uma das coisas que eu mais conseguia fazer quando tudo parecia insuportável.

Nesse processo, os desdobramentos culminaram na realidade de que havia me tornado um pessoa com uma deficiência física permanente.

Tive muitos momentos extremamente sombrios e dolorosos, muitas perdas, como a da minha carreira militar, que era um dos meus maiores sonhos. Não tinha mais a minha casa, minha independência. Os muitos gastos com o tratamento nos levaram a um descontrole financeiro muito grande. Contudo, a cada dia eu lutava contra o que as circunstâncias diziam. Eu buscava encher o meu coração de confiança no amor do meu Pai. Ao olhar para trás, eu queria simplesmente expressar a minha gratidão a Deus por todas as boas dádivas que Ele tinha me concedido e por, a todo instante, me dar provas de que eu não estava desamparado.

Depois de 9 procedimentos cirúrgicos no decorrer de quatros anos após o acidente, foi preciso amputar a minha perna abaixo do joelho. Quando esse dia chegou eu não tive dúvidas de que era o melhor de Deus. Muitas pessoas oraram pelo milagre da cura da minha perna, mas eu tinha a convicção de que eu era o milagre e que a amputação faria parte dele.

Toda essa trajetória tem me ensinado sobre o amor imensurável de Deus. Me sinto um privilegiado por essa experiência e pelo Senhor ter transformado minha dor e meu sofrimento em crescimento. Hoje sou um homem totalmente diferente do que eu era. Tenho outra perspectiva da vida, conheço o Senhor “não só de ouvir falar”, mas nas diferentes situações pelas quais passo. Sempre busco enxergar o propósito e a presença de Deus comigo.

O amor que sinto de Deus e o que experimentei d’Ele nas mais dolorosas experiências da minha vida, me ajudaram a superar as perdas, que não foram poucas, mas que me fizeram e fazem olhar para frente e prosseguir. Sou um homem muito feliz e grato por tudo!

Hoje sei que não sou órfão de Pai e nunca serei abandonado. Sei que Ele pode transformar as piores tragédias e adversidades em benção, por Seu amor e graça. Sei também que o que muitas vezes parece o fim, para Ele é apenas o começo.

“Como é bom render graças ao Senhor e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo, anunciar de manhã o teu amor leal e de noite a tua fidelidade, ao som da lira de dez cordas e da cítara, e da melodia da harpa. Tu me alegras, Senhor, com os teus feitos; as obras das tuas mãos levam-me a cantar de alegria. Como são grandes as tuas obras, Senhor, como são profundos os teus propósitos!” (Salmos 92: 1 -5).

Wagner Pereira de Oliveira

Tecnólogo em Música, Ministro de louvor e Presbítero na Igreja Batista Renascer

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